Hoje
o filho de Lusia Nunes Milagre, Arthur, de 20 anos, vai para lá e para cá sozinho. No entanto, Luzia conta que isso só começou a acontecer há cerca de dois anos, quando ele tinha 18: “Até para fazer a matrícula da faculdade, falei para o meu marido ir junto, porque ele nunca tinha andado por aí sozinho”.
Até que a criança cresça e aprenda a caminhar com suas próprias pernas, é a mãe que, em geral, dá toda a atenção e protege a criança dos perigos do mundo. Porém, nessa ânsia de acertar e porteger, é normal que muitas passem dos limites e acabem dando mais do que os filhos necessitam. Lusia, por exemplo, admite: “Eu fazia questão de levar e buscar sempre, acho que acabei sufocando um pouco o Arthur, mas a gente só vê que errou depois que passa”.
De acordo com Beatriz de Andrade Sant’Anna, neuropsicológa do NANI (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar), existem muitos pais que se esquecem que uma das coisas mais importantes a ser ensinada ao filho: a independência. Mas, para isso, é preciso que eles possam tentar resolver seus próprios problemas com autonomia. “Se os pais sempre tomam à frente e resolvem os conflitos e as indecisões dos filhos, eles tiram a possibilidade da criança desenvolver as próprias ferramentas”, explica Sant’Anna.
E não é somente este tipo de atitude que torna uma mãe superprotetora. De acordo com Tereza Mito, Coordenadora da Clínica Psicológica da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e especialista em psicoterapia infantil, às vezes os pais percebem os filhos mais frágeis do que são na realidade, o que pode prejudicar o desenvolvimento da criança: “A criança vai se reconhecendo através de como a mãe o trata, então pode acabar se achando frágil de verdade”. A especialista explica que isso pode acontecer porque o filho acaba sendo tratado com base nas necessidades da mãe – e não em suas próprias.
Deixo ou não deixo?
A mãe de Rebecca, de oito anos, Amanda Medeiros Zeronezi, assume ser um pouco neurótica com o bem-estar da filha. “Ela tem sinusite, então, raramente eu a deixo ficar na piscina ou tomar um sorvete, só se estiver um dia bem legal para isso. Tenho medo que ela fique gripadinha”, explica.
Segundo Amanda, ela também ainda não deixa a filha brincar na casa das amigas e, quando as amigas da filha vão à sua casa, ela utiliza uma babá eletrônica para ouvir o que está acontecendo no quarto e fica sempre por perto. “Reconheço que talvez pudesse deixá-la um pouco mais livre, mas é difícil”, diz Amanda, que sabe que quando a filha ficar mais velha, não poderá controlá-la tanto.
Tereza Mito conta que, enquanto uma criança estiver restrita ao universo familiar, protegê-la demais não traz nenhuma grande dificuldade. Elas mesmas irão demonstrar limites, querendo fazer as coisas por si mesmas e reagindo ao tratamento exagerado da mãe. “O problema é quando a criança amplia os laços de relacionamento e passa a demonstrar que tem dificuldades de entrosamento ou é rejeitada nas brincadeiras, por exemplo”, diz.
Segundo a especialista, uma mãe superprotetora ou que faz tudo para o filho pode atrapalhar a formação da criança, principalmente ser for muito extremista. Se superproteger muito, ela acaba gerando uma insegurança até chegar à fase adulta. Se mimar demais, a criança acaba não se preparando para o mundo e, no primeiro obstáculo, pode sentir-se completamente fracassada. Para a neuropsicóloga Sant’Anna, relações assim podem acarretar adultos sem capacidade para resolver problemas e com ideias irreais a respeito do mundo.
Mimar para demonstrar carinho
Maria Christina Nishimura Da Cruz, mãe de Gabriela, de 23 anos, acredita que se não tivesse parado de dar tudo o que a filha queria, hoje a situação seria diferente. “Quando eles eram pequenos, eu exagerada com meus filhos, principalmente com a Gabriela. Tinha vontade de comprar todas as roupas para ela e a enfeitava muito”, conta.
Até a chegada da adolescência de sua filha, Maria Christina foi assim, mas ela mudou com o tempo para não passar valores equivocados. “Eu mimava para demonstrar carinho, mas tive que ir dosando para não afetar lá na frente”, conta. Segundo ela, um dia Gabriela chegou a dizer que nunca tinha recebido um “não” na vida, mas após passar de uma determinada idade, passou a ouvir e aprender os limites.
Segundo Sant’Anna, mimar uma criança de maneira exagerada pode fazer com que ela não se prepare corretamente para o mundo e, na pior das hipóteses, se torne uma pessoa auto centrada, com uma capacidade reduzida de enxergar o próximo. “Esta característica pode trazer dificuldades importantes de relacionamento”, explica.
Abaixo, veja algumas dicas das especialistas para não exagerar na dose e fazer com que seu filho aprenda a ser independente:
- Respeite a individualidade: aceita a criança como uma pessoa que tem gostos e necessidades próprias e diferentes das suas
- Evite se antecipar: espere que a criança peça por ajuda, deixe que tente sozinha antes
- Quando for ajudá-la, faça com que ela participe da resolução do problema
- Reforce sempre seus sucessos, mesmo que parciais
- Dê pequenas tarefas à criança e inclua-a nas atividades domésticas
- Mostre que ela pode alcançar algo que deseja por si só: não há nada melhor para a autoestima
- Pense na necessidade da criança, e não na sua: não queira dar tudo o que você não teve na infância, por exemplo. Ela pode estar precisando de outras coisas
- Respeite os diferentes gostos e necessidades do filho, mas não se sinta obrigada a dar tudo o que ele quer
- Sempre se questione: “meu filho precisa mesmo disso?”

Até que a criança cresça e aprenda a caminhar com suas próprias pernas, é a mãe que, em geral, dá toda a atenção e protege a criança dos perigos do mundo. Porém, nessa ânsia de acertar e porteger, é normal que muitas passem dos limites e acabem dando mais do que os filhos necessitam. Lusia, por exemplo, admite: “Eu fazia questão de levar e buscar sempre, acho que acabei sufocando um pouco o Arthur, mas a gente só vê que errou depois que passa”.
De acordo com Beatriz de Andrade Sant’Anna, neuropsicológa do NANI (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar), existem muitos pais que se esquecem que uma das coisas mais importantes a ser ensinada ao filho: a independência. Mas, para isso, é preciso que eles possam tentar resolver seus próprios problemas com autonomia. “Se os pais sempre tomam à frente e resolvem os conflitos e as indecisões dos filhos, eles tiram a possibilidade da criança desenvolver as próprias ferramentas”, explica Sant’Anna.
E não é somente este tipo de atitude que torna uma mãe superprotetora. De acordo com Tereza Mito, Coordenadora da Clínica Psicológica da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e especialista em psicoterapia infantil, às vezes os pais percebem os filhos mais frágeis do que são na realidade, o que pode prejudicar o desenvolvimento da criança: “A criança vai se reconhecendo através de como a mãe o trata, então pode acabar se achando frágil de verdade”. A especialista explica que isso pode acontecer porque o filho acaba sendo tratado com base nas necessidades da mãe – e não em suas próprias.
Deixo ou não deixo?

Segundo Amanda, ela também ainda não deixa a filha brincar na casa das amigas e, quando as amigas da filha vão à sua casa, ela utiliza uma babá eletrônica para ouvir o que está acontecendo no quarto e fica sempre por perto. “Reconheço que talvez pudesse deixá-la um pouco mais livre, mas é difícil”, diz Amanda, que sabe que quando a filha ficar mais velha, não poderá controlá-la tanto.
Tereza Mito conta que, enquanto uma criança estiver restrita ao universo familiar, protegê-la demais não traz nenhuma grande dificuldade. Elas mesmas irão demonstrar limites, querendo fazer as coisas por si mesmas e reagindo ao tratamento exagerado da mãe. “O problema é quando a criança amplia os laços de relacionamento e passa a demonstrar que tem dificuldades de entrosamento ou é rejeitada nas brincadeiras, por exemplo”, diz.
Segundo a especialista, uma mãe superprotetora ou que faz tudo para o filho pode atrapalhar a formação da criança, principalmente ser for muito extremista. Se superproteger muito, ela acaba gerando uma insegurança até chegar à fase adulta. Se mimar demais, a criança acaba não se preparando para o mundo e, no primeiro obstáculo, pode sentir-se completamente fracassada. Para a neuropsicóloga Sant’Anna, relações assim podem acarretar adultos sem capacidade para resolver problemas e com ideias irreais a respeito do mundo.
Mimar para demonstrar carinho

Até a chegada da adolescência de sua filha, Maria Christina foi assim, mas ela mudou com o tempo para não passar valores equivocados. “Eu mimava para demonstrar carinho, mas tive que ir dosando para não afetar lá na frente”, conta. Segundo ela, um dia Gabriela chegou a dizer que nunca tinha recebido um “não” na vida, mas após passar de uma determinada idade, passou a ouvir e aprender os limites.
Segundo Sant’Anna, mimar uma criança de maneira exagerada pode fazer com que ela não se prepare corretamente para o mundo e, na pior das hipóteses, se torne uma pessoa auto centrada, com uma capacidade reduzida de enxergar o próximo. “Esta característica pode trazer dificuldades importantes de relacionamento”, explica.
Abaixo, veja algumas dicas das especialistas para não exagerar na dose e fazer com que seu filho aprenda a ser independente:
- Respeite a individualidade: aceita a criança como uma pessoa que tem gostos e necessidades próprias e diferentes das suas
- Evite se antecipar: espere que a criança peça por ajuda, deixe que tente sozinha antes
- Quando for ajudá-la, faça com que ela participe da resolução do problema
- Reforce sempre seus sucessos, mesmo que parciais
- Dê pequenas tarefas à criança e inclua-a nas atividades domésticas
- Mostre que ela pode alcançar algo que deseja por si só: não há nada melhor para a autoestima
- Pense na necessidade da criança, e não na sua: não queira dar tudo o que você não teve na infância, por exemplo. Ela pode estar precisando de outras coisas
- Respeite os diferentes gostos e necessidades do filho, mas não se sinta obrigada a dar tudo o que ele quer
- Sempre se questione: “meu filho precisa mesmo disso?”
Autora da Matéria: Renata Losso
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